O governo francês permitiu a realização de um referendo sobre a independência da Nova Caledónia em 2018. O acordo alcançado na capital Nouméa em 1998 entre os líderes políticos regionais e o executivo gaulês prevê que o escrutínio popular seja realizado até Novembro do próximo ano com a presença de observadores internacionais das Nações Unidas.
Apesar de existirem vantagens e desvantagens na auto-determinação da população, o estudioso de assuntos relacionados com as Ilhas do Pacífico, Stephen Levine, entende que se trata de “uma questão emocional”. Contudo, o docente revela que “existe bastante apoio financeiro de Paris e as forças militares garantem a segurança, mas alguma população não pode tomar decisões próprias”.
O referendo pode ser considerado como o último passo da descolonização francesa no território, embora nos últimos anos haja mais paz do que situações de conflito. A crescente influência de representantes da população indígena nos lugares governamentais também aumenta as reivindicações relativamente à independência. Stephen Levine considera que “será um erro grave não respeitar o resultado do referendo porque vai aumentar o descontentamento das pessoas ou o reforço da presença militar francesa”.
O futuro do país na comunidade internacional e na relação com os países vizinhos está nas mãos dos habitantes da ilha, situada muito perto da Austrália. No caso da independência conquistar a maioria vão surgir desafios diplomáticos no curto prazo. O autor do livro “Pacific Ways: Government and Politics in the Pacific”, explica que “haverá um pedido de adesão às Nações Unidas e negociações para estabelecer relações com os Estados Unidos e a China”.
Os membros da Melanésia também aguardam com expectativa a possibilidade de haver mais um país que conseguiu ganhar a auto-determinação dos franceses como sucedeu com o Vanuatu, Papua Nova Guiné, Fiji e as Ilhas Salomão, mas será a Polinésia Francesa que vai tentar aproveitar o efeito dominó para se tornar independente. Contudo, dificilmente a Nova Caledónia fica isolada caso se mantenha sob domínio francês.
A convivência entre a população local, Kanaks, e os franceses nem sempre tem sido pacífica, sendo que, o resultado do referendo não resolve o problema principal de persuadir ambas as comunidades que não podem construir um futuro no território. O acordo alcançado ainda não determinou a elegibilidade eleitoral da população indígena. O docente garante que “a independência poderá ser uma realidade caso votem o maior número de Kanaks”.