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A manutenção do Reino Unido no mercado único depois do Brexit ainda não está totalmente resolvida. O governo britânico pretende continuar a usufruir das liberdades de circulação durante o período de transição que termina no dia 31 de Dezembro de 2020. Por outro lado, os responsáveis europeus mostram flexibilidade relativamente à opção britânica.
O problema que ainda divide as duas partes não é irrelevante tendo em conta a importância do mercado britânico na Europa. O editor da London Brexit Monthly Digest, Bernardo Ivo Cruz, explica que “a União Europeia é a maior cliente do Reino Unido”. A continuidade britânica no mercado comum por mais 21 meses permitia “às empresas e organizações só terem de efectuar uma adaptação para o modelo definitivo”.
A indecisão britânica dos últimos meses não acarreta problemas em termos políticos nem mudanças de comportamento da União Europeia porque as condições estabelecidas no período de transição são bastantes favoráveis, já que, “o Reino Unido será sempre consultado caso a legislação europeia coloque em causa os interesses nacionais”. Londres pode decidir qual é o momento mais conveniente para abandonar.
Apesar da primeira-ministra Theresa May ter conseguido mais tempo para alcançar um acordo com a União Europeia que evite uma crise política interna, os dirigentes europeus também fizeram bastantes progressos, nomeadamente no cheque que Londres vai assinar no dia da saída definitiva. Os dois lados continuam com uma atitude de pouca abertura porque não se sabe o que implica efectuar cedências num assunto com futuro incerto. Neste aspecto, Bernardo Ivo Cruz considera que “o governo britânico não esperava que a União Europeia e os Estados-Membros fossem firmes nas negociações”.
Dentro de um ano o Reino Unido sairá formalmente da União Europeia, mas as negociações estão bastante atrasadas, tendo havido inúmeros adiamentos, nomeadamente nas questões comerciais. Os pontos acordados não permitem perceber qual será o tipo de relação entre os dois blocos, nem entre o Reino Unido e os países europeus. Bernardo Ivo Cruz também concorda que “os prazos são apertados, mas é preciso unanimidade para as negociações continuarem depois de 30 de Março de 2019”.