A deputada revela quais foram os desafios que teve de enfrentar depois de abandonar a bancada parlamentar do PAN em 2020, tendo-se tornado no segundo membro não inscrito da Assembleia da República. Cristina Rodrigues não exclui uma candidatura nas próximas eleições, mas não pretende criar um novo partido.
Quais foram os aspectos que sentiu condicionada por fazer parte de uma bancada parlamentar no primeiro ano como deputada?
Eu nunca tive como objectivo desvincular-me do Partido pelo qual fui eleita. No entanto, as circunstâncias ditaram que isso acontecesse. Não se tratou de uma questão de assuntos mas sim de uma generalidade de situações, nomeadamente condicionamento ao nível da apresentação de iniciativas legislativas, discordância sobre a assessoria, prioridades e forma de estar na política, etc.
Na sua opinião, não tinha a mesma liberdade para abster-se na votação do OE 2021 se tivesse continuado no PAN?
O PAN também se absteve nessa votação.
Que tipo de medidas têm de ser adoptadas para proteger os interesses dos deputados não inscritos?
A nível regimental devem ser dadas condições mínimas a estes Deputados. Nomeadamente ao nível das possibilidades de intervenção e de agendamento de iniciativas. Por exemplo, no plenário, julgo que deveríamos ter sempre possibilidade de intervir ou pedir esclarecimentos, como de resto acontecia na anterior legislatura, com o Deputado Não Inscrito Paulo Trigo Pereira.
Quais seriam os benefícios para a democracia caso a Assembleia da República admitisse candidaturas independentes nos próximos actos eleitorais?
Julgo que esta é uma reflexão que deve ser feita mas sinceramente parece-me de muito difícil concretização, pelo simples facto de que não interessa um sistema deste tipo aos Partidos Políticos. Do ponto de vista social, julgo que seria benéfico e poderia contribuir para uma maior participação política.
A tentativa de regulamentar o teletrabalho vai ser a sua maior bandeira até ao final da legislatura?
Essa é uma iniciativa importante, que se encontra neste momento em trabalhos na especialidade e onde eu espero que se consiga obter um bom resultado, com benefícios para os trabalhadores. Não consigo definir uma única bandeira, mas a título de exemplo posso dizer que a defesa dos direitos humanos, em especial no que diz respeito à igualdade de género será sempre uma preocupação minha, assim como a defesa e protecção dos animais.
Quais são as outras propostas que pretende apresentar?
Isso é algo que vão ter que esperar para ver.
Quais seriam os riscos para o país caso haja eleições antecipadas durante a pandemia?
Estamos num momento particularmente difícil. Extremamente exigente no que diz respeito à questão de saúde pública e da contenção da pandemia, mas também devido à crise social e económica decorrente do impacto da pandemia na vida das pessoas. Aquilo que acho é que adicionar uma crise política a tudo o que já é necessário gerir neste momento, seria muito prejudicial para o nosso país.
Pretende criar uma nova força política ou integrar um grupo parlamentar?
Não penso criar uma nova força política. Penso em cumprir o meu mandato com o máximo de exigência e respeito pelos eleitores. Se se proporcionar a possibilidade de me voltar a candidatar na altura logo pensarei se o pretendo fazer ou não.